Torturas e impunidade, uma prática do regime militar
A pedido de Castello Branco, Geisel investigou e confirmou abuso nas prisões, mas nada foi feito
Os primeiros casos de tortura em quartéis e prisões ocorridos durante o regime militar, ainda em 1964, não foram punidos, apesar das claras evidências levantadas em apurações conduzidas pelo próprio Exército.
Já em 2 de abril daquele ano, portanto no dia seguinte ao golpe, o líder comunista Gregório Bezerra foi amarrado quase nu à traseira de um jipe das Forças Armadas e arrastado pelas ruas de Recife (PE). Em seguida, foi espancado com uma barra de ferro, em praça pública, por um oficial do Exército. Episódios parecidos ou piores repetiram-se em diversas cidades de Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Os primeiros casos de tortura em quartéis e prisões ocorridos durante o regime militar, ainda em 1964, não foram punidos, apesar das claras evidências levantadas em apurações conduzidas pelo próprio Exército.
Já em 2 de abril daquele ano, portanto no dia seguinte ao golpe, o líder comunista Gregório Bezerra foi amarrado quase nu à traseira de um jipe das Forças Armadas e arrastado pelas ruas de Recife (PE). Em seguida, foi espancado com uma barra de ferro, em praça pública, por um oficial do Exército. Episódios parecidos ou piores repetiram-se em diversas cidades de Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Após as primeiras denúncias, o regime chegou a se movimentar. O presidente Castello Branco designou Ernesto Geisel, então chefe do Gabinete Militar, para coordenar as investigações. Geisel viajou pelo país e elaborou um relatório que, apesar de tímido, admitia a prática de sevícias contra os opositores. Mesmo assim, nada aconteceu.
O jornalista e escritor Carlos Heitor Cony foi pioneiro. Denunciando violências em artigos no Correio da Manhã, recebeu sua primeira ameaça no dia 14 de abril de 1964.
Também no Correio da Manhã o repórter Marcio Moreira Alves sustentou uma campanha revelando a existência de tortura nos porões. A série seria reunida em seu livro Torturas e torturados, lançado em 1966.
Em um exemplar do livro, que fazia menção ao relatório de Geisel, o futuro general-presidente anotou: a investigação do militar não puniu ninguém, mas teve “ao menos o mérito de paralisar a tortura”. Inibiu, pois foram poucos os novos casos durante o governo Castello Branco, mas não paralisou. E como nenhum torturador foi punido, ela sobreviveu.