Os panfletos da ultradireita e o SNI
Durante a gestão Geisel (1974-1979), vários panfletos foram criados e distribuídos por oficiais das Forças Armadas descontentes com a distensão promovida pelo governo. O general João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), recebia informes sobre a veiculação desses manifestos e se irritava com as acusações feitas por seus autores de que o regime havia “traído os ideais da Revolução”.
Durante a gestão Geisel (1974-1979), vários panfletos foram criados e distribuídos por oficiais das Forças Armadas descontentes com a distensão promovida pelo governo. O general João Baptista Figueiredo, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), recebia informes sobre a veiculação desses manifestos e se irritava com as acusações feitas por seus autores de que o regime havia “traído os ideais da Revolução”.
Em 1975, junto com o general Newton Cruz, também do SNI, Figueiredo rascunhou respostas a um desses panfletos nas margens de um informe editado pelo órgão. O informe com os comentários de ambos foi enviado a Heitor Ferreira, secretário particular do presidente. No bilhete a Heitor, Newton Cruz pede que apenas ele e Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil, leiam tais comentários.
O panfleto considerava o processo de abertura política uma “traição” de Geisel e de seus aliados e acusava os militares de estarem esquecendo “os compromissos assumidos com os autênticos homens da Revolução”. As “respostas” de Cruz e Figueiredo foram ásperas:
PANFLETO: Vários são os comunistas, “corruptos e negocistas” que se acham nos mais altos postos do governo, participando da administração nefasta que aí se encontra.
FIGUEIREDO: E muitos são os “corruptos e negocistas” que pululam entre “revolucionários autênticos”...
PANFLETO: A “distensão” está levando civis e militares a posições incômodas de meros expectadores [grafia do original] (...).
FIGUEIREDO: Que merda!
NEWTON CRUZ: Sempre a “distensão”... O maior inimigo da Revolução hoje é a burrice...
PANFLETO: Filiem-se, como nós, ao “Movimento de Recuperação”.
FIGUEIREDO: Não, obrigado! (...) Vocês são uns “filhos da puta”!
Nenhuma providência foi tomada para responsabilizar os autores dos panfletos.