Kissinger se reúne com Geisel e teme a velocidade da abertura
Recebido por estudantes com chuva de ovos, ex-secretário de Estado reclamou da imprensa, dos intelectuais e da Igreja.
O professor americano Henry Kissinger deixou o cargo de secretário de Estado em 1977, com a posse do presidente democrata Jimmy Carter. Ele havia sido o arquiteto da reaproximação dos Estados Unidos com a China. Em junho de 1978, depois de ter assistido à final da Copa do Mundo em Buenos Aires e de ter enfeitado as festas da ditadura argentina, passou pelo Brasil. Na Universidade de Brasília foi recebido com protestos de estudantes, que lhe jogaram ovos.
Geisel recebeu-o por uma hora e meia. Dessa conversa existe um resumo, feito pelo Itamaraty.
O professor americano Henry Kissinger deixou o cargo de secretário de Estado em 1977, com a posse do presidente democrata Jimmy Carter. Ele havia sido o arquiteto da reaproximação dos Estados Unidos com a China. Em junho de 1978, depois de ter assistido à final da Copa do Mundo em Buenos Aires e de ter enfeitado as festas da ditadura argentina, passou pelo Brasil. Na Universidade de Brasília foi recebido com protestos de estudantes, que lhe jogaram ovos.
Geisel recebeu-o por uma hora e meia. Dessa conversa existe um resumo, feito pelo Itamaraty.
Kissinger reclamou da imprensa, dos intelectuais e da Igreja de esquerda. Elogiou a abertura brasileira, mas registrou que sua grande preocupação “não era saber se se avançava com a devida rapidez, mas, pelo contrário, se não era excessiva a velocidade com que era conduzido o processo de mudança”. Geisel tranquilizou-o.
A certa altura, quando criticava os intelectuais que assessoram governos, Kissinger observou que eles não percebem os erros políticos que cometem, “retornando à biblioteca para escrever outro livro”. Rindo, Geisel disse-lhe que certamente falava “com conhecimento de causa”.
Dois anos depois o professor publicou o primeiro volume de suas memórias.
(Geisel mandou a narrativa do Itamaraty a Golbery. São dele os trechos sublinhados.)