Fernando Henrique Cardoso segundo os informes militares
Dossiê do Dops classificava o futuro presidente da República como “elemento extremista” e considerava suas atividades “esquerdistas”
Órgão criado em 1924, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) era o responsável, nos estados, pelo controle e pela repressão de movimentos políticos contrários ao governo. Durante a ditadura militar, seu serviço de informações produziu um dossiê sobre o sociólogo carioca Fernando Henrique Cardoso, futuro presidente da República de 1995 a 2003. Abrangendo mais de vinte anos, os informes caracterizam FHC como “elemento extremista”.
Órgão criado em 1924, o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) era o responsável, nos estados, pelo controle e pela repressão de movimentos políticos contrários ao governo. Durante a ditadura militar, seu serviço de informações produziu um dossiê sobre o sociólogo carioca Fernando Henrique Cardoso, futuro presidente da República de 1995 a 2003. Abrangendo mais de vinte anos, os informes caracterizam FHC como “elemento extremista”.
As primeiras entradas no documento apresentam as atividades de FHC nos anos 1950, quase exclusivamente intelectuais, como tendo “cunho esquerdista”: fez curso de paleografia, colaborava com a revista Fundamentos, ministrava palestras. Depois de 1964, os informes passaram a ser mais frequentes. Uma ordem de prisão preventiva foi emitida em 3 de setembro de 1965, apesar de FHC estar desde abril de 1964 trabalhando na Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) em Santiago, no Chile, para onde seguiu exilado.
Retornou ao Brasil em 1968 e, em abril de 1969, integrou a lista de professores aposentados compulsoriamente pelo AI-5. Ainda assim, segundo informação fornecida pelo II Exército, ele teria conseguido “introduzir no Brasil cerca de 50 padres redentores que não usam batina”. Após a aposentadoria, os relatos concentraram-se em suas conferências (uma delas com o sociólogo Florestan Fernandes, seu professor e amigo, visto pelo regime como “marxista violentíssimo”), na colaboração com o semanário de esquerda Opinião, em sua atuação no Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), do qual foi um dos fundadores, e nas ações políticas, como a assinatura em abaixo-assinado em favor de Chico Pinto, deputado pelo MDB baiano que denunciou a ditadura chilena de Pinochet. O resumo dos informes sobre FHC feito pelo Dops vai até 1974.
Em 1978, FHC disputaria sua primeira eleição pelo MDB para o Senado, sem ser eleito. Como suplente de Franco Montoro, assumiu sua cadeira no Senado em 1983, quando este renunciou ao mandato para assumir o governo de São Paulo. No ano seguinte, destacou-se na campanha pelas Diretas Já.