Os poderes do general Olympio Mourão Filho
Atuante em episódios que levaram a dois golpes de Estado no Brasil, o militar temia perder o salário e os benefícios de oficial
O general mineiro Olympio Mourão Filho (1900-1972), membro da Ação Integralista Brasileira, participou ativamente de dois importantes episódios da história do Brasil. Primeiro, foi o autor do Plano Cohen, estudo atribuído aos comunistas sobre como se daria, hipoteticamente, a dominação comunista no país em 1937. Tratado como autêntico pelo governo, a falcatrua serviu como justificativa para um golpe de Estado, por meio do qual Getulio Vargas promulgou uma nova Constituição e criou o Estado Novo. Anos depois, em 31 de março de 1964, foi Mourão quem deu início à insurreição militar que depôs o presidente João Goulart, ao ordenar que suas tropas, em Juiz de Fora (MG), marchassem em direção ao Rio de Janeiro.
O general mineiro Olympio Mourão Filho (1900-1972), membro da Ação Integralista Brasileira, participou ativamente de dois importantes episódios da história do Brasil. Primeiro, foi o autor do Plano Cohen, estudo atribuído aos comunistas sobre como se daria, hipoteticamente, a dominação comunista no país em 1937. Tratado como autêntico pelo governo, a falcatrua serviu como justificativa para um golpe de Estado, por meio do qual Getulio Vargas promulgou uma nova Constituição e criou o Estado Novo. Anos depois, em 31 de março de 1964, foi Mourão quem deu início à insurreição militar que depôs o presidente João Goulart, ao ordenar que suas tropas, em Juiz de Fora (MG), marchassem em direção ao Rio de Janeiro. Apesar do êxito da ação, que levou à implantação de uma ditadura militar no Brasil, Mourão acabou caindo no ostracismo anos depois.
Uma carta escrita por Mourão em novembro de 1960 e endereçada ao marechal Odylio Denys, então ministro da Guerra e um dos futuros articuladores do golpe contra Jango, mostra suas ligações também com o governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Na carta, Mourão pede que não seja retirado do quadro de oficiais, embora no momento presidisse a Comissão Técnica de Rádio (CTR). Sua justificativa era de que ele vivia “exclusivamente dos [seus] vencimentos e a CTR dá apenas 5.500 cruzeiros”. Sendo assim, caso saísse do quadro de oficiais, ele “perderia, além de outras vantagens, automóvel, gasolina, ajudante de ordens e a quantia de 8.750 cruzeiros”. Uma semana antes, JK já havia falado diretamente com Denys: “Peço agregar o general Mourão (...). Fico aguardando o respectivo decreto, dentro desta semana”.