Os documentos de Rubens Paiva
Em 20 de janeiro de 1971, o ex-deputado Rubens Paiva foi preso em sua casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O motivo: duas cartas endereçadas a Paiva foram encontradas com duas mulheres que retornavam ao Brasil vindas de Santiago, após visitarem os filhos exilados no Chile. Uma era de Almino Affonso, amigo e ex-ministro do governo João Goulart; a outra era assinada pela militante do MR-8 Helena Bocayuva, que participara do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Amigo do ex-deputado Luiz Fernando Bocayuva Cunha, pai de Helena, Paiva ajudara-a a se esconder até ela poder escapulir do Brasil.
Em 20 de janeiro de 1971, o ex-deputado Rubens Paiva foi preso em sua casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O motivo: duas cartas endereçadas a Paiva foram encontradas com duas mulheres que retornavam ao Brasil vindas de Santiago, após visitarem os filhos exilados no Chile. Uma era de Almino Affonso, amigo e ex-ministro do governo João Goulart; a outra era assinada pela militante do MR-8 Helena Bocayuva, que participara do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick. Amigo do ex-deputado Luiz Fernando Bocayuva Cunha, pai de Helena, Paiva ajudara-a a se esconder até ela poder escapulir do Brasil.
Escoltado por seis homens armados, Paiva foi levado ao quartel do comando da III Zona Aérea, junto ao aeroporto Santos Dumont, no Aterro do Flamengo, para acareação com as duas senhoras. Ele foi surrado ao responder a um oficial com um palavrão. Em seguida, transferiram-no para o temível DOI da rua Barão de Mesquita, na Tijuca. Na madrugada, o médico do DOI Amilcar Lobo, chamado para atendê-lo, encontrou-o deitado em uma das celas, nu, com os olhos fechados e marcas de espancamento no abdômen, que apresentava a rigidez típica de hemorragia interna. Não foi levado a um hospital. De manhã, Rubens Paiva estava morto.
Os pertences do ex-deputado federal ao chegar ao DOI foram listados pela Turma de Recebimento: cartão de identificação do contribuinte, cartão de crédito, carteira nacional de habilitação, carteira profissional do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura, um relógio e 250 cruzeiros, entre outros itens. Na anotação manuscrita, lê-se: “dois cadernos de anotações, encontra-se com o MAJ BELHAM (devolvidos os cadernos)”, com uma rubrica.
O major José Antônio Nogueira Belham, que chefiava o DOI da Tijuca quando Paiva foi preso, chegou ao generalato. Ele se defendeu argumentando que estava de férias naqueles dias. Os documentos oficiais comprovam que, de fato, ele pediu férias. Mas o depoimento de um oficial que servia no quartel da Barão de Mesquita na época informa que, após ver Paiva sendo espancado, dirigiu-se à sala de Belham e lhe contou o que se passava na cela.