A morte de Rubens Paiva
Em 22 de outubro de 1978, o Jornal do Brasil publicou um amplo registro sobre os acontecimentos que ainda cercavam o desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva, preso em 20 de janeiro de 1971, em casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com os jornalistas Fritz Utzeri e Heraldo Dias, que assinaram a reportagem, Paiva foi conduzido à III Zona Aérea da Aeronáutica, onde foi espancado. Em seguida, foi encarcerado no DOI da rua Barão de Mesquita, na Tijuca, sob a custódia do I Exército. Na manhã seguinte foi encontrado morto em sua cela.
Em 22 de outubro de 1978, o Jornal do Brasil publicou um amplo registro sobre os acontecimentos que ainda cercavam o desaparecimento do ex-deputado federal Rubens Paiva, preso em 20 de janeiro de 1971, em casa, na Zona Sul do Rio de Janeiro. De acordo com os jornalistas Fritz Utzeri e Heraldo Dias, que assinaram a reportagem, Paiva foi conduzido à III Zona Aérea da Aeronáutica, onde foi espancado. Em seguida, foi encarcerado no DOI da rua Barão de Mesquita, na Tijuca, sob a custódia do I Exército. Na manhã seguinte foi encontrado morto em sua cela.
Sete anos depois, ainda prevalecia a versão oficial de que Rubens Paiva fora sequestrado por um grupo terrorista e protagonizara uma cena espetacularmente cinematográfica, fugindo após troca de tiros com militares no Alto da Boa Vista. “Gordo, cardíaco, diabético, de 41 anos, Rubens teria fugido em meio a intenso tiroteio de armas automáticas entre três militares e ‘seis a oito elementos’. Apesar de suas limitações físicas, Rubens, conforme o relato dos militares, atravessou duas vezes as pistas de nove metros da Avenida Edson Passos, saindo do banco traseiro de um Volkswagen em chamas varado por 24 tiros.”
Segundo relato de Eunice Paiva, mulher de Rubens (que foi presaapós a detenção do marido e ficou incomunicável por 13 dias), o ministro da Justiça, Alfredo Buzaid, ex-diretor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, admitiu, durante visita à casa do ex-deputado, “a possibilidade de Rubens ter sofrido ‘alguns arranhões’, mas garantia uma solução dentro de 15 ou 20 dias”.
Mesmo acreditando que o marido já estava morto, Eunice solicitou em todas as instâncias possíveis na época que se investigasse a versão farsesca, batendo à porta inclusive do Superior Tribunal Militar e do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. Foi sempre barrada pelo endosso que os comandantes militares deram ao sequestro fraudulento.
Quarenta anos depois, a versão oficial continua de pé.