General Lyra Tavares distancia-se da circular de Castello Branco
O general Humberto de Alencar Castello Branco, então chefe do Estado-Maior do Exército, condenava as articulações militares contra o governo João Goulart (1961-1964). Aborreceu-se, por exemplo, com a ida do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, ao comício promovido em março de 1964 por Jango na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, episódio que agravaria decisivamente a crise política que já enfrentava.
O general Humberto de Alencar Castello Branco, então chefe do Estado-Maior do Exército, condenava as articulações militares contra o governo João Goulart (1961-1964). Aborreceu-se, por exemplo, com a ida do ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, ao comício promovido em março de 1964 por Jango na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, episódio que agravaria decisivamente a crise política que já enfrentava.
Embora Castello defendesse oficialmente uma reação legalista que derrubasse Jango caso ele atentasse contra a Constituição, na prática, ele também conspirava. Uma semana depois do comício, distribuiu no Estado-Maior uma Circular Reservada atacando o “grupamento pseudossindical” que se formara em torno de Jango, acusando-o de “antipátria, antinação e antipovo”, e conclamando os seus subordinados a “perseverar, sempre dentro dos limites da lei”.
O próprio 1o subchefe do Estado-Maior, general Aurelio de Lyra Tavares, subordinado a Castello, leu o documento com sobressalto, a ponto de julgar-se obrigado a dar a seguinte resposta: “Continuo a julgar que o referido documento devia, e deve, ser discutido com o ministro, antes de sua expedição definitiva. (...) o Exército nunca teve tanta necessidade de estar ou de, pelo menos, mostrar-se estar unido, face a uma conjuntura em que parece haver o propósito deliberado de desuni-lo e desagregá-lo.”
Uma cópia da circular chegou às mãos dos generais janguistas e a cabeça de Castello ficou a prêmio. Jango chegou a decidir que o demitiria, porém não houve tempo: pouco mais de duas semanas após o comício da Central ele foi deposto.
A carta de Lyra Tavares foi escrita no dia 21 de março e destinava-se a distanciá-lo da iniciativa do chefe. Nela, cometeu um “acessoramento” e um “encorage”. Autor de poesias com o pseudônimo de Adelita, o general seria eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1970. Ministro do Exército durante o governo Costa e Silva, foi um dos signatários do Ato Institucional nº 5, que deu poder quase absoluto aos militares.
Em agosto de 1969, quando Costa e Silva ficou incapacitado, Lyra Tavares integrou a Junta Provisória formada pelos três ministros militares que governou o país por algumas semanas. Tanto o general Ernesto Geisel (privadamente) quanto o deputado Ulysses Guimarães (publicamente) chamavam o trio de “Os Três Patetas”.