"Folha de S.Paulo" lança-se na campanha para a Presidência
Quando o governo adentrou o ano eleitoral de 1984, a sucessão de João Baptista Figueiredo (1979-1985) era ainda uma incógnita, já que o presidente hesitava posicionar-se em relação às propostas existentes. Não apoiou claramente Paulo Maluf nem Mario Andreazza (dois possíveis candidatos do partido governista, o PDS); aderiu para então se esquivar da proposta de estender seu mandato por mais alguns anos; e chegou até a declarar que aprovaria as Diretas se dependesse de seu voto. No dia seguinte, explicou: “Jamais passou pela minha cabeça fazer eleições diretas agora”.
Quando o governo adentrou o ano eleitoral de 1984, a sucessão de João Baptista Figueiredo (1979-1985) era ainda uma incógnita, já que o presidente hesitava posicionar-se em relação às propostas existentes. Não apoiou claramente Paulo Maluf nem Mario Andreazza (dois possíveis candidatos do partido governista, o PDS); aderiu para então se esquivar da proposta de estender seu mandato por mais alguns anos; e chegou até a declarar que aprovaria as Diretas se dependesse de seu voto. No dia seguinte, explicou: “Jamais passou pela minha cabeça fazer eleições diretas agora”.
No dia 29 de dezembro de 1983, Figueiredo anunciou que devolvia ao partido do governo a tarefa de escolher o nome do candidato. Ele não queria Maluf e acreditava que seria possível um acordo com a oposição para estabelecer um mandato-tampão, com ele ou sem ele, ao fim do qual seriam realizadas eleições diretas, talvez em 1991.
Enquanto havia dissenso no PDS, o PMDB, principal partido de oposição, unira-se. Suas duas maiores lideranças apontavam para caminhos possíveis: Ulysses Guimarães liderava a campanha para aprovar a emenda Dante Oliveira, que restabeleceria a eleição direta para presidente da República; Tancredo Neves vislumbrava a disputa no Colégio Eleitoral – ele entendia que a oposição não teria votos suficientes para aprovar a emenda.
Inicialmente, por influência de Ulysses, a campanha das Diretas foi iniciada em cidades médias.
O jornal Folha de S.Paulo já havia se manifestado favoravelmente pelas eleições livres, porém, na virada dos anos 1983 para 1984, lançou-se numa verdadeira campanha. Desde o dia 2 de dezembro de 1983, publicava no alto da primeira página um texto curto (com foto) de alguma personalidade defendendo a eleição direta. Num só dia, 2 de janeiro de 1984, listou vinte eventos organizados para o mês em onze estados, indicando o nível de organização que o PMDB dera à campanha.
O primeiro grande comício aconteceu em Curitiba (PR), com adesão expressiva da população. Na ocasião, Tancredo declarou que “a oportunidade do consenso já passou há muito”. Ele conversara com Ulysses Guimarães no avião enquanto deixavam Curitiba, informando-o de que se a emenda Dante de Oliveira não passasse no Congresso, iria para o Colégio Eleitoral, nem que fosse para ter só um voto. A sucessão desenhara-se.
Foto do destaque: Ricardo Chaves / Abril Comunicações S/A