A apostila da repressão nos anos de chumbo
Uma das ações mais importantes do governo brasileiro no período da ditadura militar foi a criação de uma estrutura de defesa do regime. A principal era o chamado Sistema de Segurança Interna (o Sissegin), composto por vários órgãos das Forças Armadas e pelo próprio governo. Seu funcionamento está detalhado em uma apostila com mais de cinquenta páginas redigidas no Centro de Informações do Exército (CIE) no começo de 1974.
Uma das ações mais importantes do governo brasileiro no período da ditadura militar foi a criação de uma estrutura de defesa do regime. A principal era o chamado Sistema de Segurança Interna (o Sissegin), composto por vários órgãos das Forças Armadas e pelo próprio governo. Seu funcionamento está detalhado em uma apostila com mais de cinquenta páginas redigidas no Centro de Informações do Exército (CIE) no começo de 1974.
Na apostila são descritos objetivos e funções de cada peça dessa engrenagem, com destaque para elementos relevantes da repressão política, como os Destacamentos de Operações de Informações (os DOI). São também relacionados os sucessos obtidos pelo regime desde a implantação do sistema, como a redução do número de sequestros e assaltos políticos, sem afirmar, entretanto, que o “terrorismo” estaria definitivamente superado.
Outro documento, chamado Planejamento de Segurança Interna, comentava essas “diretrizes de segurança interna”. Elaborado em outubro de 1970 e assinado pelo presidente Médici, estabelecia objetivos gerais e específicos, apontando as “áreas-problemas” (estudantes, professores, sindicatos e clero, em especial) que deveriam sofrer “ações preventivas” em “caráter permanente e com o máximo de intensidade”.
A atuação das Forças Armadas e do governo para impedir atividades consideradas subversivas foi intensa nos anos Médici (1969-1974), imediatamente posteriores à promulgação do Ato Institucional no 5, em dezembro de 1968. Foram os “anos de chumbo”, quando centenas de pessoas foram presas, torturadas e mortas. Apesar de sua pretensão em promover a “política nacional de desenvolvimento”, o Sissegin funcionou apenas como um sistema de repressão política.