Abertura lenta e gradual com ministérios estáveis
Maioria dos ministros de Geisel ainda estava no governo quando Figueiredo assumiu a Presidência, cinco anos depois
A 32 dias da posse do general Ernesto Geisel na Presidência da República, ocorrida em 15 de março de 1974, a equipe de transição — formada pelo futuro presidente e mais alguns colaboradores — listou os dezenove ministros que começariam o quarto governo do regime militar. A lista, datada de 11 de fevereiro, foi redigida por Heitor Ferreira, que viria a ser secretário particular de Geisel no palácio do Planalto.
A 32 dias da posse do general Ernesto Geisel na Presidência da República, ocorrida em 15 de março de 1974, a equipe de transição — formada pelo futuro presidente e mais alguns colaboradores — listou os dezenove ministros que começariam o quarto governo do regime militar. A lista, datada de 11 de fevereiro, foi redigida por Heitor Ferreira, que viria a ser secretário particular de Geisel no palácio do Planalto.
No topo do documento constavam também cargos do primeiro escalão, como o de chefe do Gabinete Civil, que seria ocupado por Golbery do Couto e Silva, principal articulador político de Geisel. Ao lado dos nomes havia a idade de cada ministeriável e seu estado natal. O Rio de Janeiro tinha mais ministros, seguido por São Paulo e Rio Grande do Sul. Mesmo com restrições de parte das Forças Armadas, Geisel bancou a indicação de dois nomes: Armando Falcão, no Ministério da Justiça, e Azeredo da Silveira, no das Relações Exteriores.
Uma das mais delicadas escolhas foi a do ministro do Exército. Geisel chegou a reclamar que não tinha ministro do Exército. O escolhido acabou sendo o general Dale Coutinho, que participara da Força Expedicionária Brasileira (FEB) e era amigo do presidente. Coutinho morreu dois meses depois de assumir e foi substituído por Sylvio Frota, considerado “mais soldado” por Geisel. Já no fim dos anos 1960, Golbery alertava que Frota “via fantasmas na ameaça comunista”. Ligado à linha dura do regime, Sylvio Frota teria um papel decisivo no desfecho do governo Geisel, por ser contra a abertura lenta e gradual da ditadura.
Cinco anos depois, em março de 1979, quando o general João Baptista Figueiredo assumiu o poder, quinze dos dezenove ministros ainda estavam no governo. Uma das baixas verificadas foi a do próprio Figueiredo, que se afastou do comando do Serviço Nacional de Informações (SNI) para receber a faixa presidencial.