A tesoura da Censura nos jornais
Publicação de poema no ‘Estado de S. Paulo’ no lugar de reportagem vetada por censores intriga Geisel
Ficou famosa a prática do jornal O Estado de S. Paulo de cobrir com poemas o espaço das reportagens vetadas pela Censura para que o leitor constatasse a ação dos censores em sua redação. Ao ver num exemplar do jornal a reprodução de parte de “Cântico do calvário”, do romântico Fagundes Varela, o presidente Ernesto Geisel quis saber que matéria aquela poesia substituía. Então, após escrever na folha do jornal “Como saber o que era?”, encaminhou-o ao ministro da Justiça, Armando Falcão.
Ficou famosa a prática do jornal O Estado de S. Paulo de cobrir com poemas o espaço das reportagens vetadas pela Censura para que o leitor constatasse a ação dos censores em sua redação. Ao ver num exemplar do jornal a reprodução de parte de “Cântico do calvário”, do romântico Fagundes Varela, o presidente Ernesto Geisel quis saber que matéria aquela poesia substituía. Então, após escrever na folha do jornal “Como saber o que era?”, encaminhou-o ao ministro da Justiça, Armando Falcão.
No conjunto de documentos, está um bilhete de Falcão a Golbery, chefe do Gabinete Civil, datado de 6 de junho de 1974, apresentando três recortes do Estado com matérias censuradas da edição de 23 de maio. A primeira tratava dos efeitos que a correção do índice de inflação do ano anterior — maior do que o anunciado inicialmente — teria nas eleições do fim do ano. A segunda abordava uma futura reforma no Poder Judiciário. A terceira se referia a um processo criminal que o Superior Tribunal Militar enviava de volta à Justiça Comum, por considerar que o caso não deveria ter sido enquadrado na Lei de Segurança Nacional.