Sarney avisa que Aureliano vai romper
A sucessão do presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) tornou-se um dos assuntos mais críticos ao fim de seu mandato presidencial. Era necessário consenso para apontar o nome que seria o sexto chefe de governo do regime nascido no golpe de 1964. Três candidatos disputavam a convenção do partido do governo, o PDS: o ministro Mário Andreazza, o deputado federal Paulo Maluf e o vice-presidente Aureliano Chaves. Figueiredo não se comprometia com nenhum deles.
Em abril de 1984, ano eleitoral, a emenda Dante de Oliveira – que tornaria direta a eleição para presidente da República – foi votada na Câmara dos Deputados. A votação da emenda provocou a memorável campanha das Diretas Já. A emenda foi derrotada.
A sucessão do presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) tornou-se um dos assuntos mais críticos ao fim de seu mandato presidencial. Era necessário consenso para apontar o nome que seria o sexto chefe de governo do regime nascido no golpe de 1964. Três candidatos disputavam a convenção do partido do governo, o PDS: o ministro Mário Andreazza, o deputado federal Paulo Maluf e o vice-presidente Aureliano Chaves. Figueiredo não se comprometia com nenhum deles.
Em abril de 1984, ano eleitoral, a emenda Dante de Oliveira – que tornaria direta a eleição para presidente da República – foi votada na Câmara dos Deputados. A votação da emenda provocou a memorável campanha das Diretas Já. A emenda foi derrotada.
O ex-presidente Ernesto Geisel (1974-1979), ao refletir sobre a situação política, sabia que a derrota sofrida pelas Diretas no Congresso abrira uma ferida: as chances de o Colégio Eleitoral não eleger o candidato governista eram muito altas. O então governador de oposição Tancredo Neves (PMDB-MG) dificilmente seria derrotado por qualquer um dos nomes indicados pelo PDS.
O candidato de Geisel era o vice-presidente Aureliano Chaves, ex-governador de Minas Gerais, a despeito da opinião de Figueiredo — o distanciamento entre o presidente e seu vice tornara-se perigosamente pessoal. Já Paulo Maluf, era rechaçado por uma parte do PDS.
Em 15 de maio de 1984, em um telefonema de Nova York, o presidente do PDS José Sarney, conversou sobre a sucessão de Figueiredo com o ex-secretário do presidente, Heitor Ferreira, que estava em Paris. Segundo anotações de Heitor, Sarney disse que Aureliano Chaves romperia com o partido, retirando sua candidatura — “Aureliano quer explodir mesmo”.
A crise dentro do PDS se agravou quando, poucos dias depois do telefonema a Heitor, Sarney renunciou à presidência do partido. Em seguida, renunciou também seu substituto, o catarinense Jorge Bornhausen, um veterano antimalufista. De palavra passada com Aureliano Chaves, Sarney seria convidado por Tancredo para a vice-presidência em sua chapa. Estava fechado.
Nas incertezas do partido governista, a oposição uniu-se em torno de Tancredo Neves, favorito para vencer o pleito nas vésperas da votação no Colégio Eleitoral. Estava fechado o processo de conciliação.
Foto do destaque: Robert Nickelsberg/The LIFE Images Collection/Getty Images