A rotina dos generais
O presidente Ernesto Geisel (1974-1979) e o seu chefe do Gabinete Civil, Golbery do Couto e Silva, tornaram-se as figuras mais importantes da política nacional após a saída de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) da Presidência. No entanto, cada um tinha um estilo particular no trato dos assuntos de governo.
O presidente Ernesto Geisel (1974-1979) e o seu chefe do Gabinete Civil, Golbery do Couto e Silva, tornaram-se as figuras mais importantes da política nacional após a saída de Emílio Garrastazu Médici (1969-1974) da Presidência. No entanto, cada um tinha um estilo particular no trato dos assuntos de governo.
Em Geisel, o que era ordem, hierarquia e cultivada introversão mostrava-se, em Golbery, desalinho, informalidade e cultivada extroversão. Bastava uma olhada na mesa de trabalho de cada um para se comprovar essa impressão. A de Geisel, incólume. A de Golbery, empilhada. Uma comparação entre a agenda de ambos também passava informação sobre a diferença de perfil. Uma era pontual e rígida. A outra, errática e imprevisível, fazia juntar na sala de espera políticos, jornalistas e até pai de santo.
Ao contrário de Geisel, Golbery buscava divertimento na função. Expandia-se nas breves respostas aos bilhetes de Heitor Ferreira, secretário do presidente. Um dia recebeu uma fotografia do ministro da Fazenda, Mário Henrique Simonsen, com as mãos afastadas, num gesto que poderia estar indicando o tamanho de alguma coisa. Então anotou, zombeteiro: “Que grande, não!”