Prisão de Ênio Silveira irrita Castello Branco
Editor da Civilização Brasileira foi preso por promover feijoada para o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes
Quase um ano depois do golpe de 1964, foi preso o editor Ênio Silveira, proprietário de uma das maiores editoras do país, a Civilização Brasileira. De política editorial agressiva, responsável pela edição de vários livros de autores considerados de esquerda, a casa nunca fora bem-vista pelo novo regime.
Em março de 1965, Ênio Silveira foi encarcerado. Motivo: tudo o que fazia, e também por ter oferecido uma feijoada ao ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, um dos primeiros alvos dos militares após tirarem Jango do poder. O editor foi preso junto com duas empregadas e o porteiro do prédio onde morava. O Inquérito Policial-Militar que cuidou do caso ficou conhecido, ironicamente, como “IPM da Feijoada”.
Quase um ano depois do golpe de 1964, foi preso o editor Ênio Silveira, proprietário de uma das maiores editoras do país, a Civilização Brasileira. De política editorial agressiva, responsável pela edição de vários livros de autores considerados de esquerda, a casa nunca fora bem-vista pelo novo regime.
Em março de 1965, Ênio Silveira foi encarcerado. Motivo: tudo o que fazia, e também por ter oferecido uma feijoada ao ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes, um dos primeiros alvos dos militares após tirarem Jango do poder. O editor foi preso junto com duas empregadas e o porteiro do prédio onde morava. O Inquérito Policial-Militar que cuidou do caso ficou conhecido, ironicamente, como “IPM da Feijoada”.
“Por que a prisão do Ênio? Só para depor?”, perguntou o presidente Castello Branco ao general Ernesto Geisel, chefe do Gabinete Militar, em documento manuscrito de quatro páginas. “A repercussão é contrária a nós, em grande escala. O resultado está sendo absolutamente negativo”, prosseguiu. Em outro trecho, disse que “há como que uma preocupação de mostrar ‘que se pode prender’. Isso nos rebaixa”.
Castello ainda menciona as apreensões de livros, que haviam se tornado comuns naquele início de ditadura. “Nunca se fez isso no Brasil. Só de alguns (alguns!) livros imorais. Os resultados são os piores possíveis contra nós. É mesmo um terror cultural”, escreveu o presidente. A prisão de Ênio gerou protestos e resultou na elaboração de um manifesto assinado por cerca de mil pessoas ligadas à cultura, entre elas o compositor Pixinguinha.
Nessa época o escritor católico Tristão de Ataíde criou a expressão “terrorismo cultural”.