O poeta João Cabral na visão do SNI
Autor de ‘Morte e vida severina’ era classificado como “elemento simpatizante ou, no mínimo, de tendência esquerdista”
Em 1964 o diplomata João Cabral de Melo Neto estivera numa lista de onze diplomatas que deveriam ser cassados. Foi poupado. Doze anos depois o chanceler Azeredo da Silveira incluiu-o na lista de promoções para ministro de primeira classe, e o presidente Ernesto Geisel pediu ao general João Baptista Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), que lhe enviasse a ficha do poeta, lembrando que ele havia sido demitido de suas funções no Itamaraty “por questões de segurança” e que retornara “por via judicial”. Cabral havia sido posto em disponibilidade nos anos 1950, sob a acusação de pertencer ao Partido Comunista.
Em 1964 o diplomata João Cabral de Melo Neto estivera numa lista de onze diplomatas que deveriam ser cassados. Foi poupado. Doze anos depois o chanceler Azeredo da Silveira incluiu-o na lista de promoções para ministro de primeira classe, e o presidente Ernesto Geisel pediu ao general João Baptista Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), que lhe enviasse a ficha do poeta, lembrando que ele havia sido demitido de suas funções no Itamaraty “por questões de segurança” e que retornara “por via judicial”. Cabral havia sido posto em disponibilidade nos anos 1950, sob a acusação de pertencer ao Partido Comunista. Reintegrado por decisão do Supremo Tribunal Federal, foi parar na lista de cassações em 1964.O SNI, em um Juízo Sintético de 20 de janeiro de 1976, via assim o poeta: “Autor de vários livros de poesia e da peça Morte e vida severina, na qual explora a situação psicossocial do Nordeste através de uma forte mensagem de incitamento à luta de classes. (...) Embora não existam elementos que possam caracterizá-lo como militante comunista, os registros existentes sobre sua atuação e seus trabalhos literários levam-nos a classificá-lo como elemento ‘simpatizante’, ou no mínimo, de tendência esquerdista
Na mesma ficha, o SNI transcreveu trechos do prontuário de João Cabral no Centro de Informações do Exército que via nele um bom profissional, competente e com "alto senso de responsabilidade".
Geisel promoveu-o.