Os ministros de Figueiredo
João Baptista Figueiredo (1979-1985) assumiu a Presidência com o discurso de que comandaria um novo país. As importantes mudanças que se avizinhavam — Lei da Anistia e reforma política — requeriam uma equipe de governo capaz de articular a abertura política em meio a agravamento da crise econômica, renascimento do movimento sindical e crescimento da oposição parlamentar liderada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) após as eleições gerais de 1978.
João Baptista Figueiredo (1979-1985) assumiu a Presidência com o discurso de que comandaria um novo país. As importantes mudanças que se avizinhavam — Lei da Anistia e reforma política — requeriam uma equipe de governo capaz de articular a abertura política em meio a agravamento da crise econômica, renascimento do movimento sindical e crescimento da oposição parlamentar liderada pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB) após as eleições gerais de 1978.
A fim de dar demonstrações de que seu núcleo-duro não era uma criação do “grupo palaciano”, Figueiredo quis remanejar alguns ministros. Tentou, por exemplo, tirar o general Golbery do Couto e Silva da chefia do Gabinete Civil para colocá-lo na Secretaria de Planejamento. Golbery percebeu o que havia por trás da mudança. Na breve Cronologia organizada pelo secretário do presidente, Heitor Ferreira, há o registro de que Golbery lhe disse, em novembro de 1978: “Só fico como ministro de Estado”. E, assim, ficou onde estava.
Na mesma Cronologia, Heitor Ferreira anotou, em dezembro de 1978: “Simonsen não quer ficar”. Mário Henrique Simonsen, ministro da Fazenda de Geisel, tentava sair do governo. Ele tinha horror à pompa do poder e, acima de tudo, sabia que os números da economia eram ruins e haveriam de piorar. Inicialmente, recusou os convites para permanecer. Aceitou quando lhe foi prometido o comando da política econômica. Pura ilusão.
Figueiredo ainda levou de volta para Brasília dois influentes ministros do governo Médici (1969-1974) que se encontravam deslocados do poder federal desde que Geisel tomara posse como presidente: Delfim Netto (para a Agricultura) e Mário Andreazza (para o Interior). O retorno à Esplanada dos Ministérios dos dois ex-ministros de Médici mostrava que Figueiredo e Golbery pretendiam soldar fissuras abertas em 1974, quando os ministros foram colocados na geladeira.
Os quatro nomes caracterizariam aquilo que Heitor Ferreira chamaria de “governo dialético”. De um lado, o “Grupo A”, com Simonsen e Golbery; de outro, o “B”, com Delfim e Andreazza.