Os anos sombrios
Numa sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, o presidente Arthur da Costa e Silva (1967-1969) convocou o Conselho de Segurança Nacional, que se reuniu em torno de uma mesa da biblioteca do palácio Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Começava uma espécie de missa negra. Ali estava a cúpula do governo militar e a pauta era a aprovação do AI-5, o ato institucional que oficializaria a ditadura no país.
Numa sexta-feira, 13 de dezembro de 1968, o presidente Arthur da Costa e Silva (1967-1969) convocou o Conselho de Segurança Nacional, que se reuniu em torno de uma mesa da biblioteca do palácio Laranjeiras, na Zona Sul do Rio de Janeiro. Começava uma espécie de missa negra. Ali estava a cúpula do governo militar e a pauta era a aprovação do AI-5, o ato institucional que oficializaria a ditadura no país.
Mesmo para os partícipes do encontro, o teor do documento assustava, ainda que não houvesse franca oposição ao presidente. Pontos sensíveis, como a duração do ato ou a alternativa de instituir o estado de sítio, desencadearam poucos debates, afinal, todos ali sabiam que seria feita a vontade de Costa e Silva. A partir de então, o mandato parlamentar, o habeas corpus e a liberdade de expressão estariam à mercê de canetadas do presidente.
Em 13 de janeiro de 1969, o coronel João Baptista Figueiredo escreveu uma carta ao capitão Heitor Ferreira. Dizendo-se “alheio ao que se fez e ao que se diz nas cúpulas”, Figueiredo contava que escreveu para o ex-chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI), general Golbery do Couto e Silva, para tratar da “inevitabilidade de descambarmos para uma ditadura sem o desejarmos”, e revelava que a radicalização do regime era fruto da articulação de um grupo que insistia no recrudescimento:
Aquela turma que deu trabalho no governo do Castello continua a trilhar as mesmas sendas do oportunismo sob a capa de um radicalismo revolucionário que nunca possuíram e tentando repetir com o Costa e Silva as manobras de pressão de dois anos atrás.
A impressão que tenho é que cada um procura tirar o maior proveito possível do momento porque começam a perceber a quase impossibilidade de uma saída honrosa para os destinos do país. (...) Os erros da Revolução foram se acumulando e agora só restou ao governo “partir para a ignorância”.
O AI-5 vigorou até 1978, quando foi extinto pelo presidente Ernesto Geisel (1974-1979). Figueiredo assumiu a Presidência da República de 1979 a 1985 sem os poderes do AI-5.