O olho esquerdo de Golbery
Descolamento de retina do ministro do Gabinete Civil gera clima de apreensão no país até mesmo entre os opositores
No dia 28 de abril de 1975, um simples bilhete redigido por seu secretário, Heitor Ferreira, chegou à mesa do presidente Ernesto Geisel comunicando que o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil, estava com um sério problema em um dos olhos. O general saíra à tarde do palácio do Planalto para uma consulta com seu oftalmologista e voltara informando que estava com um descolamento da retina do olho esquerdo. No dia seguinte, internou-se numa clínica em Brasília e fez uma cirurgia a laser que durou duas horas. Em uma semana, voltou para casa.
No dia 28 de abril de 1975, um simples bilhete redigido por seu secretário, Heitor Ferreira, chegou à mesa do presidente Ernesto Geisel comunicando que o general Golbery do Couto e Silva, chefe do Gabinete Civil, estava com um sério problema em um dos olhos. O general saíra à tarde do palácio do Planalto para uma consulta com seu oftalmologista e voltara informando que estava com um descolamento da retina do olho esquerdo. No dia seguinte, internou-se numa clínica em Brasília e fez uma cirurgia a laser que durou duas horas. Em uma semana, voltou para casa.
Pouco depois, no início de junho, o quadro se agravou com um novo descolamento, dessa vez na região central do olho, tornando impossível uma nova cirurgia a laser, que foi realizada a bisturi. O general voltou a enxergar com o olho esquerdo, mas uma febre alta, com complicações pulmonares, parada renal e convulsão, provocou nova ruptura na retina. Examinado pelo chefe do Serviço Médico, coronel Américo Mourão, Golbery foi incentivado a procurar com urgência um hospital com mais recursos. O general internou-se então na clínica Barraquer, em Barcelona, na Espanha, uma das melhores do mundo, para onde embarcou em 21 de junho. Lá seu quadro clínico se tornou crítico, com a descoberta de uma úlcera perfurada com hemorragia digestiva.
Desde a isquemia cerebral do presidente Costa e Silva, em setembro de 1969, nenhum problema de saúde entre os militares causara tanta ansiedade quanto a internação de Golbery. Até mesmo a oposição democrática se preocupava com a ausência do general, considerado por uma de suas maiores lideranças, o deputado Ulysses Guimarães, um aliado da abertura política.
No início de julho, Golbery retornou ao Brasil para finalizar sua recuperação no Hospital dos Servidores do Estado. Perdera completamente a visão no olho esquerdo e ficara com o direito comprometido, mas havia sobrevivido a todas as complicações.