Militares se manifestam contra a abertura política
O general Ernesto Geisel (1974-1979) conduziu sua Presidência sob a promessa de iniciar um processo “lento, gradual e seguro” de redemocratização do país. Corrida a primeira metade do mandato, em 1977 ele baixou o Pacote de Abril, que garantia ao governo a preservação da maioria no Senado com a criação do “senador biônico”, eleito indiretamente.
Em outubro daquele ano Geisel demitiu o ministro do Exército, Sylvio Frota, um general radical e primitivo em suas opiniões políticas. Anos depois, quando Frota escreveu um livro de memórias, disse que Geisel escondia “uma vocação socialista” num ambiente “criptossocialista”. A demissão isolou os militares radicais e indisciplinados e serviu, naquele momento, de demonstração de força do presidente.
O general Ernesto Geisel (1974-1979) conduziu sua Presidência sob a promessa de iniciar um processo “lento, gradual e seguro” de redemocratização do país. Corrida a primeira metade do mandato, em 1977 ele baixou o Pacote de Abril, que garantia ao governo a preservação da maioria no Senado com a criação do “senador biônico”, eleito indiretamente.
Em outubro daquele ano Geisel demitiu o ministro do Exército, Sylvio Frota, um general radical e primitivo em suas opiniões políticas. Anos depois, quando Frota escreveu um livro de memórias, disse que Geisel escondia “uma vocação socialista” num ambiente “criptossocialista”. A demissão isolou os militares radicais e indisciplinados e serviu, naquele momento, de demonstração de força do presidente.
No fim de 1978 Geisel extinguiu o AI-5 e preparou seu sucessor para pautar uma Lei de Anistia, que deveria se somar às medidas que reorganizariam a vida política brasileira. Mas o apoio à abertura não era unânime dentro das Forças Armadas. Muitos militares fiéis aos ditames da “Revolução de 1964” tentavam pressionar o governo a manter o sistema ditatorial.
Um manifesto distribuído em quartéis acusou o presidente Geisel e o ministro Golbery do Couto e Silva de protegerem “subversivos notórios, exilados escafedidos, até então, [que] retornaram tranquilamente ao solo que haviam traído; seus aliados de esquerda aquinhoados com importantes cargos públicos”. O panfleto dizia ainda que
é doloroso constatar-se que ao cabo de 4 anos do pseudo 4º governo da Revolução, o Movimento de Março foi inteiramente frustrado. Dizemos mais, intencionalmente desviado de suas metas, estancado propositadamente o processo revolucionário até então em curso, em síntese, arriada e ultrajada a bandeira da Revolução!
Invicto pela impunidade da tortura e da indisciplina, o radicalismo militar persistiu. Durante a Presidência de João Baptista Figueiredo (1979-1985), sucessor de Geisel, ataques a bomba em bancas de jornal e redações e cartas-bomba tornaram-se prática comum dos insatisfeitos com a abertura. Em 1981, um fracassado atentado a bomba no Riocentro, no Rio de Janeiro, onde 10 mil pessoas se reuniam para assistir a um show, vitimou dois militares.
Leia o panfleto a seguir: