As listas de Heitor
Nos primeiros anos, o governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985) conseguiu na política um êxito muito maior do que na economia. O feito deveu-se ao empenho de seu ministro da Justiça, Petrônio Portella, coordenador das ações políticas do governo no Congresso. Coube a Petrônio a negociação da anistia e o delineamento de uma reforma que pudesse romper com o bipartidarismo da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido governista, e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição.
Nos primeiros anos, o governo de João Baptista Figueiredo (1979-1985) conseguiu na política um êxito muito maior do que na economia. O feito deveu-se ao empenho de seu ministro da Justiça, Petrônio Portella, coordenador das ações políticas do governo no Congresso. Coube a Petrônio a negociação da anistia e o delineamento de uma reforma que pudesse romper com o bipartidarismo da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido governista, e do Movimento Democrático Brasileiro (MDB), partido de oposição.
No governo Figueiredo, Petrônio foi o político civil mais poderoso do país. Ele representava a face pública das articulações para o desmanche do AI-5, liderava a maioria da Arena e cultivava um discreto diálogo com o MDB. Heitor Ferreira, secretário do presidente, chegou a anotar “Petrônio for president” na margem da reportagem “O triângulo Golbery-Petrônio-Delfim Netto”, publicada em 29 de outubro de 1979 em O Globo.
Diabético, hipertenso, atazanado por uma hérnia de hiato, Petrônio achava que devia viver cada dia como se fosse uma dádiva. Sobrevivera a um câncer no pulmão e fumava. Depois do Réveillon de 1980, sentiu-se mal. Poderia ter cancelado uma viagem a Santa Catarina, porém manteve a agenda. Ao fim de uma manhã de compromissos, o governador da Bahia, Antonio Carlos Magalhães, telefonou a um amigo e avisou: “O Petrônio enfartou em Santa Catarina”.
O ministro voltou a Brasília, passou discretamente por uma casa de saúde e seguiu para casa, tomando soro. No domingo, 6 de janeiro de 1980, entrou em estado de choque e morreu.
Figueiredo ainda estava em seu primeiro ano de governo e Petrônio era peça fundamental para a articulação política, além de nome mais forte para a sua sucessão. Em três listas anotadas por Heitor Ferreira com nomes de prováveis sucessores de Figueiredo, o nome riscado de Petrônio aparece como primeira opção na folha intitulada “Início de 1980 – Civil e político”. Encabeçando-a, ficou o ministro do Planejamento, Delfim Netto, seguido por Paulo Maluf, governador de São Paulo, e pelo vice-presidente da República, Aureliano Chaves.
Foto do destaque: Michael H/ Getty Images