Gordon reafirma em telegrama suas posições anti-Jango
Lincoln Gordon foi nomeado embaixador dos Estados Unidos no Brasil pelo presidente John Kennedy em 1961. Professor de Harvard, ele seguiu para o Rio de Janeiro, enquanto seu colega John Kenneth Galbraith deslocou-se para Nova Déli, na Índia. Gordon nunca foi um admirador do então presidente João Goulart nem nunca confiou em sua política e, aos poucos, passou a torcer por sua saída do poder.
Lincoln Gordon foi nomeado embaixador dos Estados Unidos no Brasil pelo presidente John Kennedy em 1961. Professor de Harvard, ele seguiu para o Rio de Janeiro, enquanto seu colega John Kenneth Galbraith deslocou-se para Nova Déli, na Índia. Gordon nunca foi um admirador do então presidente João Goulart nem nunca confiou em sua política e, aos poucos, passou a torcer por sua saída do poder.
Em telegrama enviado ao Departamento de Estado em agosto de 1963, o embaixador detalha suas análises em torno da política brasileira citando fontes de todo tipo, desde inimigos de João Goulart, como Juracy Magalhães (Juraci, no telegrama), a pessoas de sua intimidade, como o jornalista Samuel Wainer (Vainter, no telegrama). Na mensagem, Gordon afirma que Goulart instituiria “alguma forma de regime autoritário”. Além disso, diz desconfiar que a solicitação de Goulart para uma visita de Kennedy ao Brasil poderia servir para “dar prestígio e apoio às questionáveis atitudes e políticas de Goulart, reduzindo assim a força dos grupos oposicionistas no país”. (A visita não aconteceu.)
A possibilidade de fortalecimento de João Goulart preocupava Gordon. “Continuo impressionado com a capacidade de sobrevivência pessoal de Goulart”, escreve ele, informando ao Departamento de Estado que não acreditava em renúncia do presidente, pois ele “conta com meios para subornar e aterrorizar o Congresso”. Ao constatar que “golpistas da oposição parecem até mais fracos que alguns meses atrás”, o embaixador conclui: “Se Deus é mesmo brasileiro, o problema de coração que Goulart teve em 1962 logo vai piorar”.
Leia o telegrama: