“Generais de borra”
Em agosto de 1974, o general Ernesto Geisel anunciou seu projeto de “lenta, gradativa e segura distensão”. A ideia era promover mudanças no regime, mas não havia objetivos precisos. A censura à imprensa deveria ser paulatinamente suspensa. Eleições diretas? Para os governos estaduais, talvez. Anistia? Algum dia.
O ponto de partida de qualquer projeto político seria, porém, o restabelecimento da ordem nos quartéis. Como chefe da Casa Militar do presidente Castello Branco, entre 1964 e 1967, Geisel passara pelo dissabor de vê-lo desafiado por militares da chamada “linha-dura” e emparedado pela candidatura do então ministro da Guerra, general Costa e Silva.
Em agosto de 1974, o general Ernesto Geisel anunciou seu projeto de “lenta, gradativa e segura distensão”. A ideia era promover mudanças no regime, mas não havia objetivos precisos. A censura à imprensa deveria ser paulatinamente suspensa. Eleições diretas? Para os governos estaduais, talvez. Anistia? Algum dia.
O ponto de partida de qualquer projeto político seria, porém, o restabelecimento da ordem nos quartéis. Como chefe da Casa Militar do presidente Castello Branco, entre 1964 e 1967, Geisel passara pelo dissabor de vê-lo desafiado por militares da chamada “linha-dura” e emparedado pela candidatura do então ministro da Guerra, general Costa e Silva.
Em pelo menos duas ocasiões Geisel repetiu uma expressão típica de Castello ao se referir depreciativamente a alguns generais da ocasião: “generais de borra”.
A primeira explosão veio em dezembro de 1973, quando alguns generais cabalavam a permanência do general Orlando Geisel (seu irmão mais velho) como ministro do Exército. Geisel estava disposto a renunciar à candidatura para impedir a manobra, que assemelharia o Brasil a uma “República de bananas”.
O segundo episódio deu-se no dia 26 de janeiro de 1976, dias depois da demissão do general Ednardo d’Avila Mello do comando do II Exército. Geisel tirara-o da função logo após a morte do operário Manoel Fiel Filho no DOI de São Paulo. Segundo os oficiais que dirigiam o destacamento, ele teria “se suicidado”, tal qual o jornalista Vladimir Herzog meses antes.
Geisel explodiu, e seu secretário, Heitor Ferreira, registrou em seu diário o desabafo do presidente: “Eu tenho que ficar a vida inteira aqui protegendo os assassinos? Engraçado, ninguém vê esse aspecto. Muito bonito! (...) No Exército não há chefia! São uns ‘Generais de borra’, como dizia o Castello.”
Leia a nota abaixo: