Figueiredo e a crise econômica
Na economia, o presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) tinha como principais objetivos retomar o crescimento do PIB e pôr arreios na inflação. Coube a Mário Henrique Simonsen, antigo ministro da Fazenda de Ernesto Geisel (1974-1979), nomeado por Figueiredo chefe da Secretaria de Planejamento (Seplan), a missão de pôr as contas do governo no eixo.
Na economia, o presidente João Baptista Figueiredo (1979-1985) tinha como principais objetivos retomar o crescimento do PIB e pôr arreios na inflação. Coube a Mário Henrique Simonsen, antigo ministro da Fazenda de Ernesto Geisel (1974-1979), nomeado por Figueiredo chefe da Secretaria de Planejamento (Seplan), a missão de pôr as contas do governo no eixo.
Dois grupos dividiam o governo “dialético” (tal como o secretário do presidente, Heitor Ferreira, apelidara a estrutura ministerial de Figueiredo). Um grupo era encabeçado pelo próprio Simonsen e o chefe do Gabinete Civil, Golbery do Couto e Silva; o outro era composto por dois ex-ministros de Médici (1968-1974): Delfim Netto (Agricultura) e Mário Andreazza (Interior), motores da equipe que criara o Milagre Econômico, período em que a média de crescimento do PIB marcara 11,4%.
Sem conseguir comandar, Simonsen reclamava, por exemplo, do orçamento exorbitante requerido por Andreazza para tocar obras de infraestrutura. Ironizando o ministro gastador, inventou uma unidade monetária de despesas, o “andreazza”. Um “andreazza” equivaleria à unidade dos recursos pedidos pelo ministro do Interior e valeria 1 trilhão de cruzeiros.
Em conversa com Heitor Ferreira, Simonsen anunciou que ia embora e disse que faltava alguém para dar “esporro nos ministros”. Em 1979, a inflação superava os 80% e continuava fora de controle. Simonsen estava ciente de que as coisas piorariam e pediu demissão após cinco meses no cargo. Ao se despedir de Simonsen, em sua última audiência no Planalto, Figueiredo perguntou-lhe: “Você acha que meu governo está uma merda?”. Simonsen respondeu: “Eu estou indo embora”.
Após a saída de Simonsen, Delfim Netto assumiu o comando da equipe econômica, sendo nomeado ministro da Fazenda. Em julho de 1979, com a troca de comando da economia recém-concluída, Figueiredo escreveu a Heitor Ferreira: ”Conforme pode verificar, ninguém está ‘vivendo’ a crise econômica brasileira com os pés no chão!”
Foto do destaque: Keystone-France/Gamma-Keystone via Getty Images