A entrada de Castello Branco na conspiração
O chefe do Estado-Maior do Exército no início de 1964 era o general Humberto de Alencar Castello Branco. De 63 anos, atarracado, seu 1,64 metro de altura, ele tinha poucas funções operacionais no Estado-Maior, no qual estava há um ano. Após a renúncia de Jânio Quadros da Presidência, em 1961, havia defendido reservadamente a posse do vice, João Goulart, que assumiu o poder. Entretanto, em 1964, já estava na oposição a Jango, participando da conspiração que levou ao golpe militar.
O chefe do Estado-Maior do Exército no início de 1964 era o general Humberto de Alencar Castello Branco. De 63 anos, atarracado, seu 1,64 metro de altura, ele tinha poucas funções operacionais no Estado-Maior, no qual estava há um ano. Após a renúncia de Jânio Quadros da Presidência, em 1961, havia defendido reservadamente a posse do vice, João Goulart, que assumiu o poder. Entretanto, em 1964, já estava na oposição a Jango, participando da conspiração que levou ao golpe militar.
Castello foi introduzido nos planos para a derrubada do novo presidente por dois amigos: o marechal da reserva Ademar de Queiroz e o general Cordeiro de Farias. Assim como vários outros generais do período, achava absurda a forma como Goulart conduzia os assuntos do país. Em uma Circular Reservada, atacou o “grupamento pseudossindical” em torno do presidente, o que representaria “antipátria, antinação e antipovo”.
Em fevereiro de 1964, estava já documentadamente dentro da trama entre civis e militares para retirar Jango do Planalto, como atesta uma carta sua dirigida ao coronel Hélio Ibiapina, seu amigo. Nela, ele fala do crescimento da “convicção de que se deve reagir ativamente, com iniciativa, no caso do sempre desejado golpe estatal”. Considerava necessário “agir ofensivamente” para garantir a legalidade e não via a movimentação como uma conspiração.
Ainda nessa carta, dizia que pretendia “assegurar o funcionamento do Congresso, a coexistência com o Executivo e o Judiciário, garantir o processamento eleitoral, as eleições e a posse do eleito para 31 jan 66”. Apresentava também uma avaliação do papel do IV Exército: “O IV Ex, na reação legalista, é básico. Basta durar na ação umas 48 horas. Não ficará só”.
Em abril de 1964, com a deposição de Goulart, Castello tornou-se presidente da República. Eleito pelo Congresso Nacional, deveria completar o mandato de Jango e entregar o cargo em janeiro de 1966 a um presidente eleito diretamente pelo povo. Em vez disso, ficou um ano a mais do que o previsto no poder e deu início a um período de mais de 20 anos sem eleições para a Presidência.