Brincadeira na indicação de Simonsen para chefiar o Ministério da Fazenda
Dono de banco, o economista inspirava comparações com o Tio Patinhas na cúpula do poder
No início de 1974, Ernesto Geisel, escolhido para receber a faixa presidencial de Emílio Garrastazu Médici em 15 de março daquele ano, montava o ministério do que seria o quarto — e penúltimo — governo do regime militar. Desde o final do ano anterior, um dos nomes mais cotados para ocupar o Ministério da Fazenda era o do economista, engenheiro, professor e sócio de banco Mario Henrique Simonsen. Indicado ao cargo com 38 anos, era o quindim do empresariado.
No início de 1974, Ernesto Geisel, escolhido para receber a faixa presidencial de Emílio Garrastazu Médici em 15 de março daquele ano, montava o ministério do que seria o quarto — e penúltimo — governo do regime militar. Desde o final do ano anterior, um dos nomes mais cotados para ocupar o Ministério da Fazenda era o do economista, engenheiro, professor e sócio de banco Mario Henrique Simonsen. Indicado ao cargo com 38 anos, era o quindim do empresariado.
Simonsen deveria conduzir a política econômica do novo governo. Em 1973, o PIB havia crescido 14%, taxa inédita e que não se repetiria pelos trinta anos seguintes. Colaborador eventual do Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (IPÊS), fundado em 1962 por grupos de empresários cariocas e paulistas que ajudaram a tramar o golpe de 1964, Simonsen tinha sido conselheiro de grandes empresas, como Mercedes-Benz e Souza Cruz. Fora ainda professor de matemática e economia, e antes dos trinta anos chefiara o Departamento Econômico da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
De acordo com o perfil traçado por Elio Gaspari em A ditadura derrotada, o economista era tido como antissocial: “Era sócio e nome de banco (Bozano Simonsen), mas vestia-se como um investigador. Bebia e fumava demais (Minister, ‘mas não trago’), matava o tempo ouvindo música e jogando xadrez com sua mulher arqueóloga”. A desenvoltura de Mario Henrique Simonsen diante de cifras vultosas valeu uma piada palaciana. Circulou no Planalto um recorte de gibi do Tio Patinhas, personagem milionário da turma da Disney. Nele havia uma inscrição de Heitor Ferreira, futuro secretário de Geisel: “Sugestão para ministro da Fazenda”. Geisel, entrando na brincadeira, fez um “v”, de visto, no papel.
No dia 23 de fevereiro de 1974, o próprio Simonsen escreveu no recorte do Tio Patinhas: “Bem melhor do que o escolhido”.