Pedido de asilo político em folha de caderno escolar
Deposto e sem linha definida de ação, o ex-presidente João Goulart recorreu a amigos para pedir ajuda ao governo do Uruguai
No dia 31 de março, quando o general Mourão Filho se rebelou, João Goulart estava no Rio de Janeiro. Na manhã seguinte voou para Brasília e de lá, à noite, foi para Porto Alegre. No dia 2, decolou para sua fazenda de São Borja e seguiu para uma estância nas barrancas do rio Uruguai, onde decidiu mandar a família para Montevidéu. No dia 3, estava em outra de suas propriedades e lá recebeu a notícia de que o governo uruguaio o receberia. Num pequeno avião, seguiu no dia 4 de abril para Montevidéu, esperando descer no aeroporto de Carrasco. Ao receber uma ordem para pousar na base aérea de Pando, temeu ser preso.
No dia 31 de março, quando o general Mourão Filho se rebelou, João Goulart estava no Rio de Janeiro. Na manhã seguinte voou para Brasília e de lá, à noite, foi para Porto Alegre. No dia 2, decolou para sua fazenda de São Borja e seguiu para uma estância nas barrancas do rio Uruguai, onde decidiu mandar a família para Montevidéu. No dia 3, estava em outra de suas propriedades e lá recebeu a notícia de que o governo uruguaio o receberia. Num pequeno avião, seguiu no dia 4 de abril para Montevidéu, esperando descer no aeroporto de Carrasco. Ao receber uma ordem para pousar na base aérea de Pando, temeu ser preso.
Numa folha de caderno escolar, às pressas e de improviso, ele escrevera uma nota endereçada ao governo do Uruguai solicitando asilo político. Era um texto corrido, onde se lia, por exemplo, “Rep.” no lugar de “República”. O manuscrito chegou ao país vizinho pelas mãos do piloto que levou Maria Thereza Goulart e os dois filhos do casal para Montevidéu. O destinatário era um amigo de Jango, João Alonso Mintegui, adido comercial da embaixada brasileira na capital uruguaia.
A Casa Branca sabia que enquanto Jango estivesse no Brasil o ato do presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade, declarando vaga a Presidência, não teria amparo na Constituição. Mesmo assim, o Departamento de Estado expediu o telegrama com o qual o presidente Lyndon Johnson reconhecia o governo do presidente da Câmara, Ranieri Mazilli.