Os candidatos, segundo Hugo Abreu
A sucessão presidencial se tornou um dos temas mais delicados no fim do governo de Ernesto Geisel (1974-1978). O presidente, que tinha controle assegurado sobre o Colégio Eleitoral e um plano de poder, desejava garantir o processo de distensão do regime, porém, não indicaria um civil. Seu escolhido era o general João Baptista Figueiredo, àquela época, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI).
O então ministro do Exército, Sylvio Frota, foi demitido em outubro de 1977, quando, movido pela ambição de se tornar presidente da República, tentou ultrapassar a decisão de Geisel. Frota era uma ostensiva promessa de retrocesso.
A sucessão presidencial se tornou um dos temas mais delicados no fim do governo de Ernesto Geisel (1974-1978). O presidente, que tinha controle assegurado sobre o Colégio Eleitoral e um plano de poder, desejava garantir o processo de distensão do regime, porém, não indicaria um civil. Seu escolhido era o general João Baptista Figueiredo, àquela época, chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI).
O então ministro do Exército, Sylvio Frota, foi demitido em outubro de 1977, quando, movido pela ambição de se tornar presidente da República, tentou ultrapassar a decisão de Geisel. Frota era uma ostensiva promessa de retrocesso.
No entanto, Figueiredo estava longe de ser consenso. Em 2 de janeiro de 1978, acreditando (ou querendo acreditar) que Geisel ainda não fechara a questão, o chefe do Gabinete Militar, general Hugo Abreu, escreveu ao presidente uma Informação de cinco páginas denunciando o que seria “uma bem urdida manobra no sentido de impor ao presidente da República, como fato consumado, o nome de determinado candidato, (...) dando-o como participante de uma grande farsa”. Para Abreu, a nomeação seria impraticável e inviável, dividiria as Forças Armadas e levaria o governo “a descer na escala hierárquica”, pois, como general de divisão, faltava a Figueiredo a quarta estrela de general de exército.
Além de sugerir à sucessão nomes da alta hierarquia militar, Hugo Abreu ofereceu a indicação dos civis Ney Braga e Aureliano Chaves, acrescentando que “é de se considerar que a solução civil tem hoje muito boa aceitação nas Forças Armadas”.
Geisel, então, chamou o general insatisfeito ao palácio da Alvorada e contou-lhe que Figueiredo estava escolhido. Abreu, por sua vez, demitiu-se em seguida. Mais tarde chegou até a acreditar que ele próprio fosse o candidato militar pelo partido de oposição, o MDB, nas eleições que se avizinhavam. Isso era uma fantasia.
Figueiredo foi promovido a general de exército, o partido do governo endossou-o, o Colégio Eleitoral sagrou-o e ele foi presidente da República de 1979 a 1985. Fez um governo econômica e administrativamente desastroso.
Foto do destaque: Carlos Namba/Abril Comunicações S/A