Jango: exílio no Uruguai sem passaporte brasileiro
Depois de 12 anos de negativas da ditadura, o ex-presidente finalmente viu seu pedido de atualização de passaporte ser aceito
Deposto, o ex-presidente João Goulart ficou impedido de viajar com um passaporte brasileiro para além do seu exílio, no Uruguai, devido às constantes recusas da ditadura de atualizá-lo. O general Alfredo Stroessner, presidente do Paraguai, acabou por conceder-lhe um passaporte diplomático de favor, apesar de sua aliança com os militares brasileiros.
Somente em meados de 1976, temendo por sua vida após a morte de dois exilados uruguaios e do ex-presidente boliviano Juan José Torres na Argentina, Jango conseguiu convencer o regime a fornecer-lhe um passaporte. Como a justificativa para a concessão era a visita a seu cardiologista, em Lyon, na França, deram-lhe em 8 de junho um passaporte válido apenas para o território francês.
Deposto, o ex-presidente João Goulart ficou impedido de viajar com um passaporte brasileiro para além do seu exílio, no Uruguai, devido às constantes recusas da ditadura de atualizá-lo. O general Alfredo Stroessner, presidente do Paraguai, acabou por conceder-lhe um passaporte diplomático de favor, apesar de sua aliança com os militares brasileiros.
Somente em meados de 1976, temendo por sua vida após a morte de dois exilados uruguaios e do ex-presidente boliviano Juan José Torres na Argentina, Jango conseguiu convencer o regime a fornecer-lhe um passaporte. Como a justificativa para a concessão era a visita a seu cardiologista, em Lyon, na França, deram-lhe em 8 de junho um passaporte válido apenas para o território francês.
Dois dias depois, após “pedidos insistentes” de seu advogado ao chefe do Departamento Consular e Jurídico, este fez chegar ao secretário-geral das Relações Exteriores a requisição de extensão da validade do documento para o Reino Unido e os Estados Unidos, a fim de que Jango pudesse “completar seu tratamento médico”.
No dia 14, o expediente chegou à mesa do presidente Ernesto Geisel. Posteriormente, foi anotado por seu secretário, Heitor Ferreira: “Falar com Fig. (do PR)”; e respondido por Figueiredo, então chefe do Serviço Nacional de Informações (SNI): “H. Já providenciado. Sim”. Essas anotações não têm data.