Figueiredo e os atentados
Os ataques à bomba a redações de pequenos jornais, livrarias e bancas de jornal no início do governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985) expunham a perda de controle do poder federal frente aos atentados cometidos por militares. Principalmente os lotados nos órgãos de inteligência, a chamada “comunidade de informações”.
O objetivo primeiro dessas investidas era intimidar as publicações que atacavam o governo e divulgavam informações indesejadas – como a lista com o nome de 233 torturadores publicada no semanário Em Tempo. Porém, havia certa prudência para que as bombas não causassem danos físicos graves. Já as cartas-bombas, inevitavelmente mutilariam quem as abrisse.
Os ataques à bomba a redações de pequenos jornais, livrarias e bancas de jornal no início do governo do general João Baptista Figueiredo (1979-1985) expunham a perda de controle do poder federal frente aos atentados cometidos por militares. Principalmente os lotados nos órgãos de inteligência, a chamada “comunidade de informações”.
O objetivo primeiro dessas investidas era intimidar as publicações que atacavam o governo e divulgavam informações indesejadas – como a lista com o nome de 233 torturadores publicada no semanário Em Tempo. Porém, havia certa prudência para que as bombas não causassem danos físicos graves. Já as cartas-bombas, inevitavelmente mutilariam quem as abrisse.
O terrorismo mudou de patamar quando uma carta-bomba explodiu nas mãos de Lyda Monteiro da Silva, secretária do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ), matando-a, em 27 de agosto de 1980. No mesmo dia, Barbosa Lima Sobrinho, presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), recebeu uma ligação de alguém que se apresentou como membro do Comando de Caça aos Comunistas (CCC) e informou-o de que havia uma bomba no prédio da entidade prestes a explodir. De fato, no outro dia, a bomba foi encontrada no banheiro do oitavo andar. Outro envelope, no mesmo dia 27, foi mandado a um vereador da Câmara do Rio de Janeiro e amputou o braço do assessor que o abriu.
Figueiredo reagiu a esses atentados com teatralidade. Reafirmou o compromisso com a restauração democrática, “a despeito de quatro, vinte, ou mil bombas”, conforme relatou o Jornal do Brasil dois dias após os atentados, e acrescentou: “Eu peço a esses facínoras que desviem suas mãos criminosas sobre minha pessoa, mas que deixem de matar inocentes”. Uma coisa era o que dizia. Outra, o seu imobilismo.
Em 13 setembro de 1980, o empresário João Fortes enviou uma carta ao presidente apontando-lhe que “o desdobramento das operações do governo parece estar indicando conhecimento das fontes de inspiração de tais atos”, permitindo prever “avanços nessa busca”. Figueiredo destacou o trecho e anotou lateralmente: “Falso!”
O então chefe do Gabinete Civil, Golbery do Couto e Silva, numa de suas raras aparições públicas, alertou para o risco de atentados mais graves, “se, por acaso, não se conseguir descobrir os autores em prazo curto”, como registrou o Jornal do Brasil.
Os temores de Golbery se realizariam no fim de abril de 1981, quando um atentado de consequências incalculáveis foi frustrado. Dentro de um carro no estacionamento do Riocentro, no Rio de Janeiro, onde cerca de 10 mil pessoas assistiam a um show, uma bomba explodiu no colo de um sargento lotado no DOI do I Exército, matando-o e estripando um capitão, que sobreviveu.